sábado, 20 de março de 2010

ingles para pilotos

Preparando-se para a Revalidação da Proficiência em Inglês

Durante os mais recentes eventos sobre o Inglês para Aviação em Roma, os assuntos que mais se destacaram foram os referentes à qualidade de cursos específicos de inglês e a eficiência dos testes de proficiência lingüística atualmente utilizados para avaliar os profissionais da aviação. (Flight Speak _W.A.M. E _ Where Aviation Meets English and Language Proficiency Requirements Implementation _ ICAO).
A introdução do Santos Dummont Assessment Test pela ANAC como o instrumento para mensurar o nível de proficiência em inglês dos pilotos brasileiros causou washback effects de naturezas distintas. O efeito washback ou backwash é um fenômeno bastante estudado no meio acadêmico e refere-se à influência que testes tem sobre os processos de ensino-aprendizagem.
Devido ao fato de a proficiência em Língua Inglesa de pilotos ser um requisito relacionado à segurança das aeronaves, passageiros e tripulantes, é condição sine qua non que os testes sejam validos e confiáveis, ou seja, que sirvam para o propósito ao qual foram concebidos - verificar se pilotos estão aptos a comunicarem-se com precisão nos contextos de trabalho.
Embora o Santos Dummont seja um teste bem elaborado, ele não julga de forma consistente o conhecimento e domínio que o piloto possa ter da fraseologia aeronáutica, pois ele direciona o avaliador a analisar mais detalhamente a proficiência do piloto no inglês geral.
Podemos considerar que esta deficiência do teste contribui para um washback effect negativo, pois sabemos que a fraseologia aeronáutica é a linguagem recomendada para a condução das aeronaves, tanto em solo como no ar, por ser a forma mais segura de comunicação entre pilotos e torre. Por ser uma linguagem não natural, artificial, e cujo uso é bastante restrito, precisa ser constantemente relembrada e praticada. O fato de os pilotos não precisarem demonstrar este conhecimento nas provas, pode levá-los a estudar apenas o inglês mais geral da aviação, o que poderia contribuir para mal entendidos ou emissão de mensagens errôneas.
Um conhecimento complementar de inglês é necessário para as situações nas quais a fraseologia aeronáutica não tenha ainda sido concebida ou não seja suficiente para garantir comunicações precisas e seguras.
Os prejuízos que a falta de um comando maior da língua causaram na aviação são largamente conhecidos. Tornou-se assim urgente o conhecimento dos resultados dos testes aplicados. Resultados insatisfatórios tem serias implicações nas questões de segurança e na própria vida profissional do piloto.
A elaboração de programas de treinamento que pudessem atender as necessidades de aprendizagem identificadas através desses resultados foi uma etapa natural deste processo. Com o aumento de cursos de inglês para aviação no mercado, pudemos vivenciar um outro washback effect, o qual a princípio mostrou-se positivo e benéfico, que foi o de uma grande procura por aprimoramento lingüístico.
Houve um empenho generalizado de professores e escolas de idiomas em adequar o conteúdo dos seus cursos e as metodologias de ensino utilizadas em sala de aula à forma e conteúdo do Santos Dummont Assessment Test para atender a esta nova demanda de ensino aprendizagem.
Os cursos de ESP (English for Specific Purposes) desempenham um papel importante na capacitação lingüística dos pilotos, o que os leva a obter uma performance satisfatória nas provas. Por outro lado, criam em professores e autores de material didático um dilema pedagógico de grande impacto - promover e facilitar o aprendizado da língua necessária para garantir comunicações seguras e precisas durante os vôos, ou ensinar a linguagem necessária para o sucesso nas provas? Isto se tornou, no decorrer do tempo, uma grande preocupação.
A tendência atual na área de ensino de inglês para aviação, a qual considero uma abordagem bastante consistente, é a de uma combinação estratégica de metodologias e material didático para atender as duas necessidades de uso da língua - para um bom desempenho na prova, e a outra para as tarefas profissionais. Professores conscientes de sua responsabilidade social e profissional precisam refletir sobre estes novos conceitos e adaptar-se a esta nova realidade.
Este ano de 2010 é particularmente importante porque muitos pilotos que alcançaram o nível quatro precisarão refazer a prova da ANAC. Algumas empresas já exigem o nível 5 para vôos internacionais. É preciso o preparo para mais este desafio. O material didático usado para capacitar os pilotos a níveis mais elevados deve contemplar os itens descritos na tabela da ICAO equivalentes a estes níveis. É preciso que o aluno domine estruturas mais avançadas da língua, que expanda o seu vocabulário, que melhore a pronúncia e as habilidades de compreensão e produção oral.
É também necessário que os pilotos entendam que o processo de aprendizagem de uma língua estrangeira é longo, e que além de passar na prova, precisam estar linguisticamente preparados para as suas funções e tarefas profissionais. Os professores, por sua parte, devem lançar mão de todo o seu conhecimento de práticas e teorias de ensino e aprendizagem para manterem os pilotos motivados a continuarem estudando mesmo após serem considerados operacionais em inglês.

Aqui, então, vão algumas sugestões para os pilotos que precisarão refazer a prova da ANAC este ano.

■Você é bastante responsável por sua aprendizagem. Seja disciplinado. Não falte as aulas e não deixe de fazer o seu homework. Procure ler revistas especializadas, ouvir programas de rádio em inglês, assistir filmes sem legenda, navegar por sites especializados em aviação.
■ Não acredite em promessas de aprendizagem milagrosas. Alcançar o nível de proficiência em língua estrangeira demora. Não existem fórmulas ou atalhos.
■Não se empenhe em apenas memorizar frases que lhe possam ser úteis durante a prova. As avaliadoras da ANAC são treinadas para identificar discursos memorizados e para testar se as habilidades lingüísticas demonstradas pelo piloto são mesmo dominadas por ele ou se se trata apenas de fala ensaiada.
■Ao escolher um professor verifique se o mesmo possui um bom conhecimento do inglês para aviação e da sua profissão. Isto é um ponto essencial para que suas aulas sejam bem preparadas e para que você tenha suas necessidades de aprendizagem e uso da língua totalmente atendidas.
■ Analise o material que lhe é oferecido e verifique se nele está o que você realmente precisa para ambas necessidades - comunicações aeronáuticas seguras e para o bom desempenho na prova da ANAC. Pergunte a si mesmo qual o valor, a utilidade que o conteúdo que lhe é apresentado tem para você.
■ Analise se o professor o ajuda a criar uma imagem positiva sua como aprendiz e se o auxilia a desenvolver autoconfiança na habilidade para aprender.
■Certifique-se
A. de que sua sala de aula seja agradável e o ambiente, harmonioso.
B. se suas respostas são valorizadas pelos colegas e professor
C. se você é encorajado a usar a língua, mesmo quando tiver que arriscar o significado de uma palavra.
D.se você é estimulado a aprender com seus erros
E. Se você tem feedback das suas lições
F. se você tem apoio para estabelecer e alcançar as suas metas na aprendizagem do idioma
G.se o professor lhe auxilia a desenvolver estratégias para aprender.
H. se o professor explica o porquê de você estar aprendendo determinado item
I. Se o professor coloca desafios no seu caminho e lhe aponta como vencê-los.

Por fim, jamais esqueça de que você é responsável pela segurança e bem estar de todos a bordo. Ser proficiente em inglês é a garantia de que você será capaz de expressar-se sem constrangimentos ou dificuldades, e de compreender as mensagens que lhe são enviadas, podendo assim desempenhar as suas funções adequadamente.

Boa sorte,

About the author

Cybele Gallo - Aviation English Consultant and Teacher

She is an English teacher specialized in Aviation English. She holds a Master’s degree in Applied Linguistics and Language Studies from PUC/SP with a dissertation titled “English for Pilots: Analyzing the Target Situations Needs”, which presents the results of a needs analysis of the use of English by Brazilian pilots, with the aim at contributing to the teaching of English for pilots.
Since 1996 she has been developing exclusive materials and methodologies for the teaching of flight crews. She has also worked as a language examiner for the major Brazilian airlines and more recently for ANAC, as a certified English Proficiency Rater. Nowadays she is the director of the BHS English for Aviation School and a professor for the Civil Aviation Programme at Anhembi Morumbi University.
cybele.gallo@terra.com.br

skype : ciflyby






Um comentário:

  1. Dearest Cybele; I would like to say thanks for your attencion and very good hints divided with me. I know, we didin't have enough time to cover all the lessons and points you know and said they were importants for the ICAO Exam, but you felt my "needs" and we kept practicing on them. Thanks a lot and please continue to help "people" like you did for me, after all my grade is FIVE Advanced...

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